2-2-22
Joyce, disse, depois, ou antes, não importa, vou … ele disse: “I’ve put in so many enigmas and puzzles that it will keep the professors busy for centuries”,(Inclui tantos enigmas e quebra-cabeças que ele ( o meu romance) irá manter os acadêmicos ocupados durante séculos)”. Estranha essa preparação,fazer a priori, que todo mundo ficasse encasquetado, mas séculos! e como sabia o cara que eles perderiam tanto tempo assim, bomba atômica, guerras, fome, criança sendo matada e mulher sem poder usar sapato, pé espremido, arrancar a boceta,dão porrada na favela,como é que a gente pode gastar tanto tempo, quando tempo nem existe, eu falo de Friburgo, pulando sapos,quem vai saber o que, mas a Odisséia, de Homero, a gente lê, ou ouve, tem no you tube, adoidado, nem Homero podia conceber, que fossem falar assim, ele deve ter prezado, mas Ulisses, Ulysses é moleza, adoro aquela questão da hóstia,sensual de dor, e os padres, as abelhas procurando elas o mel, que coisa, adoro, a gente vai lendo que é fácil, atenção plena dissolve tudo, os mestres adoram, querem ter ensinado o óbvio, ganham paca, só pra sentar e dizer, atenção, atenção você, quer se iluminar, atenção, tem gente que não vai entender,mas é preciso atenção,é tão fácil, é só sentar, é só sentar, a gente senta, que ninguém é de ferro, não vai ficar procurando quando se pode encontrar antes mesmo de nascer,quando se é feto,antes, quando o esperma vem a caminho para dizer, cheguei, cheguei, só eu e você é você, é fácil dizer, depois querem nos comer adoidado, desde criança até gente grande,gente grande que faz gente não é mais criança é tão fácil a gente achar, tem político adoidado na vontade de te comer inteiro, fluxo, que coisa, nunca esqueço aquele moço de Niterói, Isaldo, Eraldo, esqueci o nome, dizendo,”eles não são ETs”, referindo-se aos políticos, tipo eles fazem parte de nossa sociedade, vai ver é um irmão seu, um primo, aquela mulher gostosa que você via quando era criança e tocou, tocou tantas só em homenagem a ela, é isso, vamos ver, Ulysses, não faz diferença, todo mundo escreve, agora, então, com a internet, não existe mais escrito, só ficaram os bons, Patrícia e uns poucos, Virginia, Maupassant, mas vai passando e todo mundo quer escrever, tudo mundo pode, só indo, a gente digita, ninguém sabe, não sabe nada, a mão transporta tudo que não existe, miragem filha da puta, para essa coisa de internet.os caras inventaram a própria fantasia que já era quando,não importa. Um prêmio da mega para quem não usa celular…
LIN DE VARGA
VOCÊ ENTENDE JOYCE?
Quem ou o quê não entende James Joyce?
Esta é a pergunta a ser feita. Qual programação em nós não o entende? Quem a produziu, o quê a produziu em nós?
Só para argumentar, vamos supor, unicamente supor, minha gente, que Joyce quisesse tão somente “brincar”com aqueles que viessem a lê-lo, e que nele, Joyce, nenhum mérito houvesse, tipo as várias formas de escrever, fluxos e tais?
De fato, ele diz algo assim, não é?, que os eruditos,os críticos gastariam séculos tentando explicá-lo.
Existiria uma imperdoável premeditação nele e, para tanto, um p… ego? Deus, nos perdoe por tal pensamento!
Mas, voltemos. Quem não o entende? Quais registros neuronais, quais sinapses falham?
O fluxo de Joyce, para mim, desliza no espaço que sou, tão igualmente quanto aquele do homem iletrado que se expressa com simplicidade em um bar. Não há diferença, não poderia haver, se é um vazio que os acolhe, a ambos os fluxos.
Por que somos unânimes, usando uma forçada colocação, em dizer que não o entendemos, que ele é um escritor difícil?
Tudo se resolve na vida quando se olha do vazio,digo sempre.
Virginia Woolf lhe faz, a você, leitor, a condescendência de ser uma maravilhosa escritora e ser deleite lê-la ( falo por mim e talvez por uma legião de outros leitores).
Joyce é acre, é chumbo e,por isso, libertador.
Ousaria dizer que ele nos liberta de nossas programações. Por que cargas d’água existe um cara que escreve assim, sem dar a mínima se vão entendê-lo ou não,ou,por outra, premeditou esta… estupefação?
Tendo já ultrapassado* trezentas e tantas páginas do “Ulysses”, estou adorando.Entendo cada palavra dita ou frase composta, cada pensamento escondido e cada arrogância demonstrada. Não há em mim uma programação predisposta a entender, entende?
Lacan teria dito que o escrever teria salvo Joyce da psicose, ou do afundamento nela, algo assim; corrijam-me os entendidos.
Pode ser isso. e eu não saia inteiro desta leitura. Brincadeira. Não há o que partir, sou vacuidade. Vejam que interessante: saio do que sou, entro em um fluxo, como o de Joyce, para falar dele.Muitos mestres chamariam a isso “Iluminação”
A questão é que acabamos dando uma opinião sobre Joyce( Já viram quantos videos há no youtube sobre ele?) E são experts ( É essa a palavra?)
De onde fala essa gente toda?
*Usei a palavra “ultrapassado”. Não quis tirá-la na revisão; não teria sido honesto, eu acho. Ultrapassar parece indicar, inconscientemente, um sacrifício a ser feito.
LIN DE VARGA
Tudo pode o todo mundo. Só recolher o sobrolho, cruz sem deus aparente. Num olha o neurônio dá, o neurônio é a coisa mais dadivosa que já se fez dentro da eterna vida, Geny dadivosa mulher do beco da Sofía, ah Friburgo, eu, neurônios sossobra sem soçobra, sobre galáxias inteiras, vai e bate no buraco sem beira nem fundo, o neurônio sabe, como a pinça que colhe o vento, e lhe dá essa estranheza que tudo pode sem saber, porque e vai aonde for, falando que falando é só morrer – e fala novamente – vai que não retorna nada, tudo se espraiando tão regozijo que milhares de praias comíveis de mar em uma esteira que mazelas consegue dar segurança porque o medo não sabe que o mar quer só se saber vontade de refestelar na bacia que foi cunha de que Deus não tira a casa do soterramento vômito aberto de desespero e se vai conluiu que mataremos todos os abetos da Europa olham das praias e nada dizem vai que os neurônios cheguem para mostrar tudo se pode, é só concatenar, lhes dizer que procura bobeira, acho no vazio de tantos mestres falantes (como falam para explicar), de onde supõem os neurônios, era só a sopa, como é que se chama a sopa, a sopa, a sopa… primordial, a gente lembra, é só esperar o neurônio dá, mas fornica, fornica, se você, eu,aquele cara deu um tapa no rosto da criança, eu olhando e pensando eles mesmos me mostraram se eu mostrar, anônimo, gostoso, pude beber a gasolina sem pudor, o mar, no bar, igreja clara luzes notáveis, a mulher empoleirou e a comi, que sopro aquele na glande que hora que não sei porque não sabia que morria, e ia, ia, que eu queria tanto ir para poder voltar, e vai assim, foi, acabou, agora o neurônio retorna e eu criança que mal eu fiz a Deus!!!!!!, tanto esparadrapo, eu me pergunto, não pedi, me lançam assim, que coisa mas aquela o menino perdido no meio dos foguetes, na rua fazendo acrobacia, meio dia e quero morrer mas no beco, sob o poste, frescura de um bosque italiano, que não haja bosta para ser pisada, única sei de, porque tanta bostada, vômito, sapos que preciso vencer, saltar sobre,pulando na calçada da manhazinha, Monsenhor Miranda,como consegui dormir todo esse tempo, este tempo, sem sair do caracol, neurônios, por Deus, quem?
LIN DE VARGA
Então, cansado de ser gente, fui ser árvore.
Sempre achei que ser árvore seria algo transcendente, além da intenção humana, e de cujo lugar receber-se-ia a energia do Universo sem nenhuma barreira tola de pensamentos e emoções. Ah, eu quis tanto ser árvore que, por um milagre, ao despertar um dia, tornei-me uma delas.
Frondosa eu era, meus galhos tinham folhas vivamente verdes e flores nasciam sobre mim como benções do céu.
Mas, infelizmente, começaram os problemas. Preso ainda à minha intenção humana e a resquícios do meu antigo mecanismo cerebral, passei a fazer exigências descabidas à impossibilidade natural das árvores para determinadas demandas.
_ Podem dar uma podada! _ eu dizia, _ mas sem me machucar! (Isso era dito aos funcionários da Prefeitura que vinham fazer esse trabalho).
_ Ei, você! Está muito quente! Não podia jogar uma aguinha em mim? ( Isso para alguns incautos que se aproximavam.)
_ Não vão fazer xixi em mim! (Isso para os cães que vinham sempre aliviarem-se junto às minhas raízes. Ou, quando eu estava com muita raiva: _ Não vai mijar em mim, não, cachorro sem mãe! Se você cagar, eu te mato, filho da puta!
_ Isso é tortura, não faz, não! ( Isso para quem gostava de riscar babaquices nas árvores, e até desenhar corações. Estes últimos, eram os piores, porque as pessoas achavam que transmitiam à minha pele,o amor que supostamente sentiam.Então, faziam com força e esmero.
E, por fim, as pessoas começaram a reclamar de mim.
_ Que árvore mais chata, a gente não pode passar que ela pede alguma coisa! “Aguinha, aguinha!!!”
_ Vou processar a Prefeitura que plantou ela aqui! Reclama da gente colocar um lixinho perto dela.
Mas suplício mesmo eram os passarinhos, beliscando a minha pele com seus pezinhos irrequietos ou cantando todo o tempo nos meus ouvidos!
Foi aí que descobri que para ser árvore, você tem que ser mesmo totalmente árvore, entregue a um estado que só a natureza tem a capacidade de ter, e não levar contigo os miasmas todos de sua vida na época em que era humano. Eu teria que melhorar muito para ser uma árvore real, purificar totalmente meu íntimo, o qual só então poderia dissolver-se na plenitude da vida verdadeira.
Resolvi que era melhor retornar à minha condição de ser humano, tornar-me integral, humilde, e, aí sim, habilitar-me a ser árvore.
Então, surgiu um problema: como fazê-lo? Como voltar se já não tinha condições de usar de truques ou artimanhas como fazem os homens (alguns?) para conseguirem aquilo que almejam?
Estava já alucinando na minha condição de meio homem meio árvore, quando vieram e me cortaram. Precisavam do espaço que eu ocupava para construírem um viaduto. “Que coisa engraçada”, ainda pensei antes de desaparecer, “ fizeram a mesma coisa com a casa da minha família quando eu era criança!”
Sei que há uma pergunta que logo virá à mente de vocês a partir dessa história:
_ E aí, cara, você iluminou? Porque, olha só, se você foi árvore, quer dizer, fora do que a gente chama de intenção humana, tem que ter iluminado!
Sou obrigado a confessar que a única luz que eu senti naquela época era a de um poste na esquina que começava a me importunar às seis da noite e ia até às seis da manhã seguinte.
É isso. Estes são os últimos resquícios do meu mecanismo cerebral, com os quais contei esta historia para vocês. Me cortaram legal. Agora sou Eternidade. Mas dela não saberia o que dizer. E se dissesse, não estaria sendo eterno. LIN DE VARGA
– Senti mesmo como se tivesse perdido meu corpo,
Dom Juan.
– E perdeu.
– Quer dizer, eu não tinha mesmo corpo?
– O que é que você acha?
– Bem, não sei. Só posso dizer-lhe o que eu sentia.
– É só isso que existe. Na realidade… o que você sentia.
(Carlos Castanëda e Dom Juan.)
Em “Os ensinamentos de Dom Juan”
Carlos Castanëda.
Carla, ao abrir a janela de manhã, sentiu que o frio lhe resfriava o nariz. Nenhum azul: somente o cinza, o branco e as árvores petrificadas.
Estremeceu encolhendo os ombros, enquanto apertava o quimono contra seu corpo magro. Teve, repentinamente, uma sensação de alegria enganando no peito, mas que se desfez tão logo o relógio gritou na cabeceira da cama. “Muito tarde”, exclamou baixinho. O quarto perdia sua intimidade no fio da janela aberta, perdia seus odores e quentura. Todavia, como ela própria, permanecia ainda morno.
O armário do banheiro estava aberto, os vidros alinhados nas prateleiras, e havia um perfume a rastejar pela frialdade dos ladrilhos. Carla foi até o grande espelho sem moldura que tomava toda a parede. Deixou cair o quimono. Ficou olhando-se nua na distância do reflexo, a mulher do outro lado a olhar para ela. Surpreendeu-se, então, fria, consciente de seus pés no chão. Abriu o chuveiro com um esticar de braço. Displicentemente, prendeu os cabelos à nuca, estudando, no ato, as axilas bem raspadas. Dilatou as narinas de modo sensual, para ver o efeito. Gostou de si mesma e se colocou sob a ducha. A boa sensação da água.
Deixou que a água a possuísse, que a fizesse de cristal. Largou-se efetivamente ali, sem tempo, sem desejo de ter tempo. Urinou, com calma, o líquido escorrendo-lhe pelas pernas, fazendo-se mais quente que a água. No banheiro, somente o som do chuveiro elétrico.
Relaxava, mexendo os ombros vagarosamente. A festa começou a surgir em sua mente, numa lembrança fugidia. Um filme nebuloso, antigo. De início, as pessoas e seus rostos pálidos; depois, as mãos das pessoas segurando copos. Explosão de risos, música calma.
Sentira-se bem, ao tomar o primeiro uísque, a bebida esquentando em seu íntimo. Vagueara entre as pessoas, os olhares, tentara degustá-las. Acenderam-lhe um cigarro; tragara forte.
Havia saído para a varanda, sem pressa, mas com uma sensação inconfundível na medula, um prazer transparente a cortar-lhe o peito. Seus músculos estavam afrouxados, como se ela dormisse. Não pronunciara, até aí, uma só palavra. Nesse momento, viu o rapaz. Na frente dele, meio a encobri-lo, uma planta vermelha, subindo de enorme vaso. Alguns
bancos espalhavam-se sob a noite, brancos. Ela se deixou em um deles. Refletiu que aquele rosto lhe era familiar. Como se o visse sempre, mas sem muita atenção. Baixara a fronte e, subindo o olhar, ele estava ali, muito junto, seu corpo esguio e presente.
– Você tem andado o tempo todo pela casa – Disse o rapaz. – Isso não é bom.
– Como?
– Eu não tirei os olhos de você. Gostaria que pudéssemos conversar.
– Conversar…
– Meu nome é Alex.
Ela o fixava, tendo a impressão de que não conseguia decifrar a cor de seus olhos. Talvez um tanto azuis, mas de uma tonalidade dispersa. Como se inalcançáveis. O rapaz olhava firme, perscrutando.
– Eu disse que…
– Não importa. Eu quero você. E você será minha.
– Não pretendo ser.
– Você será.
Carla desligou o chuveiro. Envolvida na toalha, sem enxugar-se, seguiu para o quarto.
Começou a se vestir lentamente, metendo-se na calcinha, na calça de brim, na blusa branca.
Não pôs sutiã. Em seguida, como se quisesse fugir de seus pensamentos, pegou a bolsa pequena, escovou os cabelos e correu pelas escadas, enquanto, atrás, a porta batia automaticamente.
A rua, cheia de sons e veículos, tocou-lhe a percepção. Os cheiros todos feriram-lhe as narinas. Um desejo rápido de voltar ao apartamento e estar só passou-lhe pela mente; entretanto, sem esforço, seguiu na direção de uma lanchonete.
A manteiga derretia no pão; o café estava forte. Devorou a refeição com prazer, quase esquecida de tudo em volta. Foi surda durante alguns instantes no simples ato de comer. Ao pagar a conta, todavia, a cidade engoliu-a de novo. As lembranças fugidias pressionavam levemente. Esteve no ponto quase por dez minutos, até que, com satisfação, viu-se sentada
em uma das poltronas do ônibus e abriu bons olhos para apreciar a vida.
Gostava daquilo: O ônibus deslizando, a cidade distante, o sentido de perspectiva e conforto. Lembrava-se, marcantemente, das têmporas do rapaz: transpiravam tensão. Não algo doentio, mas uma sensação de calidez, como se ele pudesse ousar, sem pudores. Como se tivesse poder sobre os outros. A tonalidade dispersa dos olhos, talvez azuis, irritava, por não permitir alcances. Oferecia insegurança e fascínio. Mãos de dedos longos, mãos brancas, de pianista. Mãos que haviam tocado seu corpo, que a haviam tocado por inteiro, com força. Ele tinha nariz adunco. “O nariz era adunco, mas bonito”, pensou. Deixara o banco na varanda um tanto sufocada, fora à mesa principal transbordante de salgados e bebidas e servira-se de uma boa nova dose de uísque. Pedira outro cigarro a qualquer pessoa e, sem atinar porquê, tentara evitar sentar-se no raio de visão do rapaz.
Sabia-o lá fora.
Circulara pela festa, entre as pessoas, divertindo-se na calculada solidão que imprimia a si mesma. Afinal, achou um canto mais escuro, no qual se meteu quase escondida. E permaneceu dispondo das expressões das pessoas, as caretas, os risos, na satisfação de fazer-se só. Ela poderia ter ficado todo o tempo naquele canto de festa, sem tempo.
Alex surgiu num relance, de repente. Colocou-se na frente dela; aproximou o corpo comprimindo-a. Beijou-lhe na boca um beijo quente e longo. O copo despencou da mão de Carla, o cigarro tombou, mas não houve qualquer som. Ele perscrutava já seu colo com lábios rápidos. Então, o vestido vermelho que sempre desejara e nunca tivera foi levantado e ela foi penetrada. Uma lâmina de dor e prazer machucando-lhe o íntimo. O movimento de ir e vir sufocando-a num crescente incomparável. O rapaz, ela, ambos explodindo no gozo.
A boca vazia de dentes do motorista sorria. Todos olhavam para ela. Chegara ao serviço. O motorista a conhecia da rotina do horário e punha nela aquele sorriso oco e silencioso, para avisar que haviam chegado. Carla caminhou por entre os bancos e caras.
Viu-se espremida entre muitos hálitos no elevador. Quando foi despejada no último andar, Renata, a amiga, estava aos seu lado.
– Querida, você estava ótima, ontem!
– Como?
– Ué, Carla, aquele “four de ases” foi demais! O Paulinho ficou louco!
Marta fixou a outra. O jogo de pôquer na noite anterior. Haviam jogado bastante. Ela fora para o apartamento já tarde, por volta das duas. E caíra na cama num sono profundo. De súbito, sentiu uma cólica descendo-lhe pelo abdômen.
Quando, à noitinha, voltava para casa, e descendo do ônibus, viu o rapaz da
tinturaria, de uniforme vermelho, firme sobre sua bicicleta. A figura familiar do entregador de roupas, sempre a entrar e a sair do edifício. Ele passou agilmente, sorrindo para Marta, com seus olhos de uma tonalidade dispersa, talvez azuis, e com uma certa tensão nas têmporas. Olhava, apesar de sua figura fugidia, cheio de segurança, perscrutando.