Casas Antigas
Gosto das casas antigas,
Dos objetos nelas,
Castiçais e velas,
Amplas janelas,
De onde olham rostos brancos,
De muitas esperanças,
Expressões pálidas e santas,
Vontades caladas mas tantas.
Gosto das casas antigas,
Das rendas que transbordam,
Dos tapetes gastos,
Aposentos vastos,
Do cheiro nos cantos,
Onde tudo sabe à madeira
E ao café recém-feito.
Gosto das casas antigas
Porque nelas a vida passou e fica;
A árvore na frente transpira, fala,
E um filete d’água corre dia inteiro.
Gosto das casas antigas
Porque os espíritos impregnaram-se nelas,
E hão de deslizar nas noites
A olharem nossas vidas pelas janelas.