EIS QUE TRAGO O QUE SABE O NÃO MANIFESTO

ALÉM DE TODA MANIFESTAÇÃO

Dispara o pássaro:
Ação sem memória.
Reflete o Infinito Mistério,
Na ação perfeita.

Uma quietude se insinua, já.
Apesar da inconsciência.
Sem palavras, sem palavras, sem palavras,
Se insinua, já.

Minha carne e ossos podem só agir.
Não há uma palavra neles.
Meu horizonte é meu passo
E caminho sem caminhar
À minha cadeira.

Vazio,
Nada em mim se altera.
Meu manancial,
O lampejo da vida fora,
Não me altera em mim.
Sou acabado
E nunca me comecei.

A Humanidade toda
Está em meio à água inteira.
Chamam-na oceano.
Que gota essa em meio ao vazio eterno?

Que fortuna essa nascida,
Vazada do infortúnio?
Não a sei senão como vazio
E, no entanto, resplandece
Em cada objeto,
Em toda prova.
É o conteúdo sem palavras,
E me fala, me toca, me vela.

As flores são lilases,
No impacto do olhar direto.
Não, não há impacto,
Só assepsia.
A lua no céu,
Ela sim, no impacto do meio-dia.

Pensar sem código,
É mergulhar no vazio.
Fizeram-te cofre,
Com uma combinação.
Por ventura, um ladrão,
A Sabedoria,
Virá buscar-te para ti mesmo?

A caça e o caçador,
O caçador e a caça;
O sangue nas veias dos dois.
Frêmito do vazio eterno,
Além de toda Manifestação.
O sangue nas veias dos dois:
Iluminação.

Sou testemunha ocular:
Lao- Tsè não se sabia pensamentos.
Sou testemunha ocular:
99% da Humanidade, hoje,
Vive de pensar.
Prerrogativa de quem se sabe pura consciência.

Espaço em volta:
As pessoas não percebem.
Aglomeram-se.
E há espaço,
Dentro e fora.
E há espaço,
Além das galáxias,
Ao Infinito.

Quando se supõe saber,
Elege-se o olho
Como constatação.
Quando se sabe
Sabe-se no ventre
Como resolução.

Sem corpo,
Nenhuma dor.
Sem mente,
Não há dissabor.
O que não tem nome está aí.

Entrega-te a ti mesmo naquilo que és, NELE. A oração é, portanto, ELE.
Obrigado por este silêncio de que sou feito; mais do que isso, obrigado por ter-me dado a oportunidade de tê-lo percebido. E por sabê-lo também em tudo o que existe. Por sabê-lo no íntimo de cada ser humano, sem condicionamento ou programação, aprendi a amar a todos, indistinta, pura e fortemente. Estranhariam tal amor? Não pede retribuição.

LIN DE VARGA

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