Eis que trago o que sabe o não manifesto
2012: Uma nova consciência
O calendário de uma civilização que já pereceu no tempo, Maia, foi escolhido como referência para o fato de que “O Mundo vai acabar neste 2012”.Todos se apressam em escrever sobre isso. O que os move? Os números 2, 0, 1, 2, são riscados, grafados, sobre uma folha de papel,ou o que seja. Um calendário feito pelo ser humano.
O que querem salvar as pessoas aflitas em tornarem-se vítimas de uma catástrofe? Sua inconsciência? Sua dependência “espiritual” a guias de todos os tipos, de vários templos?Querem salvar sua incúria de violentar a natureza com o lixo que nela despejam? Não querem salvar seus momentos de assistir a um por-de-sol, com certeza. Não costumo ver um grande número de pessoas nos litorais da Terra, ou sobre montanhas, aguardando o quedar-se do sol, ou seu nascimento.
Qual será a próxima desculpa, antes do dar-se conta da consciência que nos atravessa, que quer ver a si mesma através de nós? Enquanto inventarmos 2012s, ela não se reconhecerá em nós. A idéia, ela própria, de se delimitar uma data para o fim do mundo, data esta vinda, inclusive, de uma civilização que não existe mais, é tão marcantemente temporal e, portanto, está tão impregnada da ilusão proveniente da mente, que só pode representar como que uma tentativa desesperada nascida daquilo que se convencionou chamar “inteligência humana”.
No há experiência no futuro, só em termos de convenção. Como aqueles que pré-dizem ou pré-escrevem podem saber, se não experimentaram?
Existe uma eternidade no fundo do que sou, que percebo tão claramente, a qual poucos parecem se dar conta, e é tão evidente o perecível em tudo que tem forma( a silhueta da árvore contra o infinito atrás dela é uma bela metáfora), que é de se refletir que o mundo pode acabar a todo instante, que em cada gesto ele morre e nasce, assim como na folha que seca e no rio que mergulha no oceano. Deste modo, 2012 são tantos finais de mundo, que posso ficar confortavelmente acomodado na consciência que sou. Este EU SOU tão decantado e tão pouco, efetivamente, realizado.
21-12-2012; esta é a data; solstício de inverno. Parece, todavia, que os calendários Maia fechavam-se em ciclos, enquanto o nosso permanece em aberto. Ao limite da data indicada por aquele povo (que dizem ser a do fim do Mundo), aconteceria o início de um novo ciclo, tipo data “00001”… Seria um reinício em 22-12-2012. Ora, poderia ser, olhando-se de forma positiva, a indicação de uma nova consciência?
Marcar 2012 é, com efeito, assumir a inconsciência que tomou conta da Humanidade. É projetar no exterior algo que possa amenizar uma frustração, a frustração de não se saber consciência. Não há um sentimento de culpa em nos sentirmos parasitas por aqui e, na culpa implantada por dogmas, pensarmos que é um “castigo de Deus”?Meteoros já caíram e cairão .Isto é forma, não é a real vida que nos anima.
Eu gostaria de lhes desejar um feliz 2013. Tá certo, confesso: Estou me antecipando no tempo, mas é só uma brincadeira da mente,ela é só ficção e, como tal, pode também brincar que nada vai acontecer em 21-12-2012.
LIN DE VARGA*