LIN DE VARGA

EIS QUE TRAGO O QUE SABE O NÃO MANIFESTO

Um “amigo sincero”, chega para o outro e lhe comunica:

-Cara, sei que vai ser doloroso para você… Mas tenho que dizer.
– Diga, cara.
-Olha, é constrangedor!
-Pô, você é meu amigo. Seja o que for, sei que você só quer me ajudar. Pode falar…
– A Ritinha, tua mulher…
-Que que tem a Ritinha?
– Eu a vi saindo do Motel, cara. E com o Ricardo! Pronto, falei!
– Com o Ricardo?Nosso colega da Faculdade?
– Ele mesmo. Eu sinto muito, cara…

Uma pausa e aquele que recebeu a notícia diz:

Pô, cara, será que a Ritinha usou camisinha? É a coisa que mais me preocupa. Pegar uma doença. Se lá… Já pensou, AIDS? Sei que é egoísmo de minha parte, mas quando eu transar com ela, posso pegar uma doença, cara, não posso não?

Esta historinha mostra como se faz a mente formalizada pelas mães. A mente projeta o que ela concebe como verdade, não o que pensa a outra mente. A idéia, aqui, de formalização da mente pelas mães, que necessitam de preocupação, é de Satyaprem.

Por que o Não Manifesto, a Infinita Inteligência, Deus ( são várias as denominações, escolha uma), quis manifestar-se e, manifestando-se,produziu a mente, cuja natureza é pensar e pensar, na maioria das vezes, compulsivamente?Talvez a mente tenha se formado por uma necessidade de articulação com o corpo que cresceu da Terra e, nesse processo,veio a perder-se na futilidade dos pensamentos. Mas importa saber: Por que o Não Manifesto manifestou-se? Nenhuma pergunta pode estar fora desta. Você a pode responder?

Teu nome é uma armadilha. VARGA quer dizer “ARMADILHA”. Como o nome é uma ficção,chamei-me VARGA. Assim, não sou minha identidade.

Gostaria que alguém me respondesse àquela pergunta sobre o Não Manifesto. Até penso, só para especular, que a criação da mente e do corpo,tem a ver com a aparição dos planetas e, em consequência, da Terra. O corpo humano seria produto da necessidade de sobreviver-se aqui.

É importante diferenciar a mente da idéia de uma entidade, na qual ocorrem os pensamentos. Os pensamentos não estão compactados dentro de nada; eles se formam a si mesmos. O que acontece é que, quando tentamos vê-los em perspectiva, para estarmos com o verdadeiro de nós, temos a tendência de colocá-los dentro de uma cápsula que deve ser eliminada. O caminho é percebê-los como são, desprotegidos neles mesmos, solitários,ridículos na maioria das vezes, sem propósito. Ora, como nuvens fugidias, eles não são porra nenhuma. E, assim, se vão.

Sou no aqui e agora, tudo que fui através do meu nome, é uma ficção. Vejo minha mente lá, vejo aquela cadeira lá. Momento de atenção plena é pura experiência, é estar em minha casa e não na mente e no corpo.

Nenhum pensar vale o pensamento.

LIN DE VARGA*

* VARGA, segundo o “Aurélio”: 1- Várzea alagadiça; 2 -Armadilha de pesca, espécie de rede.

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