EIS QUE TRAGO O QUE SABE O NÃO MANIFESTO
O CELULAR PREMIA A SOLIDÃO
“Eu não consigo respirar!”
Essa súplica, essa exclamação, é a frase mais emblemática, mais forte, a refletir o ser humano contemporâneo e sua relação com o seu igual, o outro que é, em última e perfeita instância, ele próprio. Estertor de uma vida, quem sabe estertor da própria civilização. O Macro e o micro fundindo-se um no outro, é reflexo do ego social que cresceu para um desenlace.
Ah, flor incoerente, por que nasces no coração dos homens?
Olhando José Wilker na TV. A morte é um apagar tão absoluto do corpo, da mente, de qualquer resíduo de personalidade… Percebo, neste instante, ao olhá-lo, que é um absurdo a existência de um ego aborrecedor… Olho o ator e olho para mim mesmo.
A descoberta mais importante, é de uma simplicidade desconcertante: É o ego que se liberta, não dos outros, ou de situações,ou de depressões, mas dele próprio ego. Os outros são os outros, situações não têm importância, depressões não existem, se o ego lá não está como limitação.
A frase de Sartre “O Inferno são os outros”, nunca foi tão cheia de dualidade. O inferno é o ego, dentro de nós.
Pense no mundo sem sua presença nele, sem sua mente nele. Pense no mundo sem a Humanidade nele. Sempre a frase de Nisargadata: ”A vida que se desenrola além da intenção humana…”
O ego se perdeu. A memória, só como flashes sem causa…
Memória implantada. O ego seria isso, nada mais.
Consta que o Universo tem 13,7 bilhões de anos. Você estava reclamando do que mesmo?
Pode-se supor uma energia, um inconsciente coletivo ( ao gosto de Jung), que acompanhe a Humanidade desde sua aparição sobre a Terra. É impressionante que tal energia tenha desembocado em algo que se vê agora. O fenômeno notável da internet, dos smarts, dos tablets, dos celulares, parece que pegou na veia (como se fora um injetar profundo) no conteúdo das mentes humanas, hoje.
As pessoas que já não se ou- viam antes, não se ouvem agora, literalmente. Falando e falando desbragadamente nas redes sociais, não falam sequer com si mesmas. O celular premia a mais absoluta solidão.
“Ao findar o tempo, cessa o próprio ato de pensar e sentir”, diz krishnamurti ( Diário de…,Editora Cultrix, copyright 1976/82,pg.138).
Experiência única, saber-se eterno presente, ver diretamente na “natureza própria”(Zen), a esteira da vida do ego se desenrolando e se desfazendo, para levá-lo, não sobre pedras, mas através do abismo até à presença de si mesmo.
Depois desses anos todos escrevendo neste site, finalmente descubro porque são raros os meus leitores: É que escrevo sobre um abismo e além do tempo. Quem quer sequer arriscar-se?
LIN DE VARGA