Eis que trago o que sabe o não manifesto
O mais fascinante na vida, ou sua finalidade mais contundente, é que ela, vida, não tem nenhuma finalidade. É puro espaço, puro Aqui e Agora.
Se você está atento à vida, então, irremediavelmente, não há espaço em você para acúmulo de bagagem( memória).E aquela bagagem que está lá no bagageiro, no inconsciente e no consciente, vai, paulatinamente, dissolvendo-se.
Antes de pensar, você “era” outra coisa. O corpo e o pensar são manifestos. O “Eu Sou” é não manifesto.
Os sonhos nada mais são do que ajustamentos de um Ego insaciável. Não têm nenhum valor. São puro acúmulo, conteúdo a ser descartado.
É preciso silêncio nos ombros. Nenhuma carga.
O importante é que todo condicionamento é pura limitação. Quando observa-se a mente em sua totalidade – percebendo-se a limitação desse condicionamento como se fosse uma bola de energia dissolvível – então pode-se ver além dela a infinitude, essa amplidão que está logo adiante, limpa.
O sono profundo é como a morte. A respiração garante a volta à vida ,até que, finalmente, se consuma o retorno à casa, à eternidade. Essa a mais profunda realidade.
Por que a civilização fez tanta firula para explicar a simplicidade do inexplicável por palavras? Por que tanto medo de se reconhecer o milagre de tudo? Por que o não manifesto fez o manifesto?Para que todo esse volteio à procura de uma finalidade inexistente? É preciso perguntar a Deus.
Uma das mais belas palavras da consciência, é aquela que fala da necessidade de sermos gratos ao deleite que nos é oferecido pelo Universo, nós que estamos,neste canto do manifesto, e do quanto somos necessários,ou não estaríamos aqui. A consciência nos penetra para olhar o que criou. Eis o que sabe o Não Manifesto.
A terra não pode ver-se a si mesma; as árvores, os rios, as flores, não se podem ver a si mesmos;os animais não podem ser vistos por si mesmos;o ser humano não se pode ver por si mesmo Só a consciência a tudo pode ver e ver a si mesma. E a consciência faz isso através de você .O observador pode ser observado?Quem pode pensar sobre tudo isso?
LIN DE VARGA*
* VARGA, segundo o “Aurélio”: 1- Várzea alagadiça; 2 -Armadilha de pesca, espécie de rede.