Às vezes, elas vêm com uma facilidade imensa,
E você as ama, as palavras.
Às vezes escondem-se, prontas à eternidade,
Mas você não sabe, não as quer,
Tem medo delas, dessa intensidade.
Talvez elas não tenham mais lugar,
Sua vida não quer ser mais tocada,
Você quer partir, mais nada.
E as palavras ficarão, talvez perdidas,
Como um suposto corporificar,
De outras tristes, fugidias novas vidas.
Lin de Varga
O rosto é de sono.
Os cabelos, caracóis.
O que procura nesses cabelos?
Eu lhe digo:
Sóis!
Lin de Varga
Ele Ainda Está Por Aqui. Apenas Ouça.
É Curioso E Maravilhoso: Apenas Ouça.
São Os Que Partiram; Ou Os Anjos.
Somos Todos Os Mesmos. Só Nos Deixem Ouvir.
Lin De Varga
A poesia não é feita,
Faz-se por meio do poeta.
Vem à tona em meio à água,
Do poço que sacia a sede,
Mas nunca a sofreguidão dela.
Sorrateira, ela é, sim,
Um fio de ouro intocado,
Só visto à caricia da claridade,
Ou na mão de quem o recolhe,
Com cuidado.
A poesia não é vista,
Aparece à visão da surpresa.
É indiferente aos brutos,
Aos que passam e dilaceram.
Não se esconde nos gestos fingidos,
Ou nos que, para matar, esperam.
Não se engane:
Para vê-la, espera.
Se ela aparecer,
Você é.
Se não,
Você jamais será poeta.
Lin de Varga
Eu sabia que me tocava a morte,
mas era um suspiro quase.
Nada que me afligisse,
ou me dissesse sorte.
Olha, que te procurara,
como reino de pequenas urzes.
olha que me olhavas,
mas me dissestes: não urge, não urge.
Como não, os lobos estão nas colinas,
e olham a devastação que fizemos.
não tenho culpa, eu não!
Como não? tomastes a água mineral,
jogastes a garrafa fora.
Mas é preciso que vejas!
E nem pedi, sequer corri primeiro.
minha mãe era o Everest,
e todos à cabeceira.
Berrei, impotente.
puxaram- me pela cabeça.
Por isso, nada fostes vida inteira.
Então, agora olha,
nada urge, espera o asteróide.
Espreito noite inteira.
Os lobos não deixarão a colina,
Virão, virâo, e te olharão ainda.
ainda, e ainda.
Lin de Varga