Ainda procuro. Toda a perfeição do escrever que subjaz à verdadeira escrita. Não, na poesia há devaneio. O bem escrever que Hemingway pratica. Há de saber-se escritor para saber-se nessa escrita. Você o lê mil vezes e é como se os guizos desaparecem após o efeito das palavras. O conto mais simples descansa, pendurado, na ponta do iceberg. Vou vivendo neste prazer, além do que sei explicar, mas completo. Soube da verdadeira escrita antes de morrer.
Lin de Varga
Tenho tanto sono, um sono de fuga, de não viver De esquecer qualquer gesto que me faça parecer vivo. Como se eu pudesse desaparecer em um sono improvável e, quem sabe, dizer: ” Sou, sou no crepúsculo, no findar eterno do sol, na chuva rasteira, no improviso de acontecer, sou no que no sono não tenho senão meu sono, o qual, eu peço, não haja sonhos, porque sonhos me fazem supor um viver.”
Lin de Varga
Às vezes, elas vêm com uma facilidade imensa,
E você as ama, as palavras.
Às vezes escondem-se, prontas à eternidade,
Mas você não sabe, não as quer,
Tem medo delas, dessa intensidade.
Talvez elas não tenham mais lugar,
Sua vida não quer ser mais tocada,
Você quer partir, mais nada.
E as palavras ficarão, talvez perdidas,
Como um suposto corporificar,
De outras tristes, fugidias novas vidas.
Lin de Varga
O rosto é de sono.
Os cabelos, caracóis.
O que procura nesses cabelos?
Eu lhe digo:
Sóis!
Lin de Varga
Ele Ainda Está Por Aqui. Apenas Ouça.
É Curioso E Maravilhoso: Apenas Ouça.
São Os Que Partiram; Ou Os Anjos.
Somos Todos Os Mesmos. Só Nos Deixem Ouvir.
Lin De Varga